terça-feira, 6 de maio de 2008

Reforma Íntima - Parte 1



Ontem resolvi jogar o passado no lixo, literalmente. Não se trata de nenhuma crise depressiva não. Inventei, depois do casamento da minha irmã, de reformar o quarto. Nessa brincadeira, sem querer, você acaba mexendo em coisas incríveis...que vão muito além da cama velha ou do armário de anos.

É impressionante como seu armário diz muito sobre você e conta alguns acontecimentos da sua própria vida.

Portas abertas, você respira fundo e toma coragem de arrumar a gaveta de roupas: “ops, o que é isso?”, “ Nossa, nem lembrava mais dessa blusa”, “Credo, que coisa horrível”, “Hum...eu acho que essa calça...essa calça...não me serve mais” e assim vai. Você acaba descobrindo coisas incríveis abandonadas no fundo do armário.
Parte um concluída. Preciso, em caráter de urgência, comprar roupas novas.

Passado o choque do primeiro reencontro com minhas próprias coisas, sigo para as gavetas e estante de livros, livros, livros, livros, livros e muitos livros. Hum, os livros vão para o chão, encostados à parede com a caixa de tranqueiras feitas com fotos minhas – presente de uma prima quando fui pra Londres – uma pilha de Marie Claire aqui ao lado do telefone, outra de Época lá, um charme! Sempre gostei de coisas espalhadas pelo chão, sei lá porquê.

Só que as coisas não paravam de sair das gavetas e fui entrando em desespero – preciso de um plano B, ou melhor, L de lixo! Não sei se sou um ser apegado ou emotivo, mas tive de me munir de muita frieza para jogar tudo fora.

Acabei entrando em contato (novamente) com épocas e pessoas, lembrei de momentos, chorei e dei muita risada. Lembro que na época da faculdade inventei uma frase que ficaria na minha vida pra sempre: “Nada que é urgente é importante”. Tive prova disso ontem. Revi vários trabalhos da faculdade com os quais passamos noites, semanas acordadas, se descabelando pq eram urgentes, quase viscerais e que ontem eu fiz questão de rasgar. Não significam mais nada.



Percebi – e a minha mãe também – que joguei a publicitária, a publicidade e tudo o que eu sofri junto com todo o resto. Virei publicitária por engano e por teimosia. Burrice a minha! Claro que guardei um bom portifólio em caso de emergência, afinal nunca se sabe, né? (Sinceramente, espero nunca maister de usá-lo)

Passei da faculdade para as apostilas de naturopatia. Nova mudança, nova fase da vida, mas um período muito bom de crescimento e aprendizado. Aqui ficou nítido que o que eu sou nem sempre é aquilo que as pessoas querem ou precisam porque elas precisam do que você não é, entendeu ou quer que eu desenhe?

Foi nessa época que me desiludi com a profissão que tinha escolhido, conheci um homem maravilhoso, me afastei do amor da minha vida, abri uma clínica, tirei a minha irmã do ostracismo profissional, fechei a clínica, fui trabalhar em uma academia e em outra clínica ao mesmo tempo, inventei de fazer cursinho pra vestibular de fisioterapia, perdi meu avô querido, ganhei um “sobrinho” lindo – filhote de uma grande amiga -, me afastei de outra grande amiga...Ufa! Que época movimentada. O resultado disso? Fui pra Londres.